Textos e Artigos

Autoria: Paulo César Carbonari
Fonte: Revista De Filosofia Aurora
Ano: 2016
Resumo: O artigo aborda a relação entre ensino da filosofia e educação em direitos humanos com a finalidade de propor uma aproximação programática que tome em conta os desdobramentos das Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos de modo particular para o ensino da filosofia. Ensaia um conjunto de reflexões e aponta desafios concretos. Todos abertos ao diálogo e à construção, visto que esta é uma agenda que ainda precisa caminhar muito para que se constitua efetivamente no cotidiano da ação educativa.

Autoria: Adilbênia Freire Machado
Fonte: #Tear: Revista de Educação, Ciência e Tecnologia
Ano: 2014
Resumo: O texto traz uma teia que tem como centro a Filosofia Africana; para se chegar a esse centro, no intento de trazer contribuições e perspectivas outras para “descolonizar olhares” e implicando perspectivas para o ensino das relações étnico-raciais, três conceitos fundamentais serão trabalhados: ancestralidade, encantamento e alteridade. Sabe-se que a filosofia, por séculos, fora usada como meio de colonização, justificando as barbáries cometidas em nome de uma “civilização”, usurpando conhecimentos, inferiorizando os latino-americanos e, principalmente, os negros africanos. Descolonizar a filosofia implica seu ressignificar, em que a filosofia aparece a serviço da ética e o indivíduo é o bem maior. Esse ressignificar implica valorizar o que somos, re-conhecer / desejar o Outro e ir ao alcance da alteridade. Não é possível uma filosofia sem cultura, sem oralidade, sem ancestralidade. A ancestralidade é a grande articuladora, tendo a ética como fundamental nessa articulação, é “a fonte de onde emergem os elementos fundamentais da tradição africana”. O encantamento é aquilo que dá condição de alguma coisa ter sentido de mudança política, de outras construções epistemológicas, é o sustentáculo, é o que desperta e impulsiona o agir, é o que dá sentido. É esse encantamento que nos qualifica no mundo, trazendo beleza ao pensar/fazer com qualidade, ao produzir conhecimento com/desde os sentidos. É desse olhar encantado, dessa ancestralidade encarnada, dessa alteridade desejada que se constroem filosofias que se realizam como descolonizadoras, como concebemos a filosofia africana.

Autoria: Soraia Aparecida Belton Ferreira e Amauri Carlos Ferreira
Fonte: Pro-Posições
Ano: 2022
Resumo: A construção dessa pesquisa parte da concepção decolonialista e discorre sobre a filosofia, seu ensino e a diversidade étnico-racial sob a perspectiva da Lei 10.639/03. A pesquisa é qualitativa e os resultados dados foram obtidos através da coleta documental, que teve como objeto de análise os oito livros de filosofia do PNLD/2018 e um questionário misto aplicado a 31 professores de filosofia do Ensino Médio (EM). A pesquisa apontou que nos livros analisados e nas aulas de filosofia no EM, não há a efetiva inclusão da Lei 10.639/03 em seus conteúdos. Sendo assim, é possível afirmar que a filosofia ainda tem muito a fazer em relação à temática da diversidade étnico-racial, devendo problematizar seu próprio eixo epistemológico e abrir espaço para que o fazer filosófico seja fator crucial na transformação das teorias e práticas racistas presentes dentro e fora dos muros escolares fomentando a problematização das relações sociais vigentes, de modo a promover as lutas antirracistas.

Autoria: Valéria Cristina L. Wilke
Fonte: Problemata: R. Intern. Fil.
Ano: 2018
Resumo: O intento deste artigo contempla a relação que estabeleço entre a inserção das discussões acerca da identidade de gênero e da orientação sexual na política educacional brasileira, especialmente a partir dos governos do Partido dos Trabalhadores/PT, e a pressão recente para a retirada de ambas dos documentos reguladores durante e após o processo que culminou no golpe parlamentar-jurídico-midiático que depôs a presidenta eleita Dilma Roussef, em 2016, mediante o recurso constitucional do impedimento (tambémchamado de golpe branco). O contexto em que ocorreram estes eventos é marcado pela volta das oligarquias ao poder e pela emergência e crescimento de movimentos de segmentos sociais que, por não admitirem as questões ligadas ao gênero e à orientação sexual(e também as políticas públicas voltadas para a equidade de gênero, étnico-racial, religiosa) as transformaram em “ideologia de gênero” e aqueles que as abordam nas escolas, em doutrinadores. Neste sentido, doutrinadores passaram a ser especialmente os professores de Filosofia, Sociologia e História.

Autoria: Diego dos Santos Reis
Fonte: Educar em Re-Vista
Ano: 2020
Resumo: O artigo tem como objetivo apresentar o debate acerca da modernidade/colonialidade e sua crítica ao racismo epistêmico. Na análise são discutidos desde a perspectiva teórica do pensamento decolonial, os efeitos, os rastros, as estruturas persistentes da colonialidade na formação docente brasileira, e de modo especial, nos currículos de filosofia. Trata-se, ademais, de problematizar o descompasso entre as tendências acadêmicas hegemônicas de perspectiva eurocentradas, que desconsideram as determinações geopolíticas na construção do conhecimento, e os saberes e experiências de populações africanas, afrodiaspóricas, indígenas e latino-americanas. O texto argumenta, por fim, que o projeto ancorado nos valores da modernidade/colonialidade europeia opera pela subalternização e silenciamento dos conhecimentos produzidos a partir de outras matrizes corpo-políticas, invalidando-as pela via do epistemicídio. Pensar o ensino de filosofia em bases decoloniais e antirracistas exige, portanto, que se questionem as premissas ‘norteadoras’ deste projeto étnico, sexual e racialmente excludente.

Autoria: Renato Noguera, Valter Duarte e Marcelo dos Santos Ribeiro
Fonte: O que nos faz pensar
Ano: 2019
Resumo: No presente artigo pretendemos percorrer com a leitora e o leitor uma trilha reflexiva tripla: sobre os efeitos da reprodução e perpetuação cultural do racismo epistêmico no ensino de filosofia; sobre os esforços antirracistas que culminaram no Brasil na promulgação da Lei 10.639/03 e da Lei 11.645/08, acrescentando diretrizes importantes em todos os níveis de nosso sistema educacional. E, por fim, a Afroperspectividade, como uma abordagem teórico-metodológica relevante para combater o racismo epistêmico no ensino de filosofia.

Autoria: Henrique Moraes Júnior e Ivanilde Apoluceno de Oliveira
Fonte: Revista Tempos e Espaços em Educação
Ano: 2021
Resumo: O artigo tematiza a Filosofia da Libertação de Enrique Dussel, com o objetivo de refletir sobre a articulação entre modernidade, paradigma eurocêntrico e paradigma mundial. Nesse sentido, o artigo desenvolve a discussão sobre racionalidade e irracionalidade da modernidade (mito da modernidade) e a sua transmodernidade (superação), pois guarda relação direta com a questão do método dialético com negação da alteridade – das populações indígenas – nos sistemas filosóficos de totalidade eurocêntrica e aponta o movimento analético como superação, ampliação e libertação do método dialético negativo. Esboça, também, a filosofia intercultural de Rául Fornet-Betancourt, que visa o diálogo simétrico entre os saberes filosóficos. Infere-se, a partir da Libertação do Outro como Alteridade e a Interculturalidade a existência concreta de relação dialógica entre os saberes filosóficos, possibilitando maior enriquecimento cosmológicos, filosóficos e educacionais, bem como o ensino de filosofia intercultural em escolas indígenas. Neste estudo a revisão bibliográfica é a estratégia metodológica utilizada.

Autoria: Evanildo Costeski
Fonte: Argumentos - Revista de Filosofia
Ano: 2020
Resumo: Este artigo contem dois momentos: em um primeiro, são apresentados quatro tipos de violência: a violência por “ignorância”, a violência social, a violência estatal e a violência filosófica, e a relação com o Ensino de Filosofia no Brasil; em um segundo, é exposto o encontro dos europeus com os índios brasileiros, por meio dos escritos de Manuel da Nóbrega. Veremos como o medo foi utilizado pelos jesuítas para convencer os indígenas a se converterem e, por último, exporemos brevemente como o conceito de escravidão voluntária influenciou a constituição do direito subjetivo moderno.

Autoria: Rosemary Marinho da Silva
Fonte: Problemata: R. Intern. Fil.
Ano: 2020
Resumo: Este artigo parte da compreensão de que a Filosofia, no Ensino Médio, contribui com a possibilidade de rupturas de discursos que inferiorizam, especialmente os povos originários brasileiros. Como também promove reelaboração de outros modos de dizer-se, enquanto mulher jovem indígena, rompendo com construções conceituais e ontológicas elaboradas em torno das representações da ‘boa jovem índia’. Com isso, afirma-se a necessidade de abrir lugares de falas com jovens Potiguara - PB para o favorecimento de problemáticas no Ensino de Filosofia, potencializadas por articulações entre os conceitos de gênero e etnia. As expressões verbais das jovens mulheres Potiguara - PB, presentes neste artigo, nasceram durante a pesquisa de doutoramento, na qual utilizou-se as entrevistas semiestruturadas, com 8 jovens estudantes Potiguara-PB, matriculadas/os na Escola Cidadã Integral Técnica Professor Luiz Gonzaga Burity, no ano de 2018,localizada na cidade de Rio Tinto/PB. Nesta cidade encontram-se as aldeias Monte-Mór, Jaraguá, Silva de Belém e Mata Escura. Com esse exercício hermenêutico evidencia-se que o “não-somos” é o que nos ensinaram a ser. Desnaturalizar conceitos que fundamental esse ensino é um dos desafios da Filosofia, no Ensino Médio, para desmontaras tradicionais representações discursivas da ‘boa jovem índia’ transmitidas como sendo o lugar verdadeiro das jovens mulheres indígenas

Autoria: Helena Esser dos Reis
Fonte: Prometheus - Journal of Philosophy
Ano: 2014
Resumo: A discussão acerca dos direitos humanos parece-me uma importante contribuição que aqueles que se dedicam à filosofia política podem dar ao mundo contemporâneo globalizado e interdependente. Analisando idéias e concepções que parecem óbvias ou irretorquíveis e por meio do diálogo acadêmico interdisciplinar e com as pessoas em geral, podemos buscar maior clareza acerca dos fundamentos da ação humana. Não se trata de oferecer respostas, mas de pensar e falar publicamente sobre a inserção e a responsabilidade das pessoas no mundo. Eis, portanto, o propósito de minha exposição: tendo como base a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, convido-os para conversarmos sobre o que nos faz agir. Ou, mais precisamente, sobre o agir em comum – uns com os outros – de modo que todos possam participar integrando-se à comunidade. Iniciarei investigando alguns artigos da Declaração, buscando discernir o que deve nortear as ações de cada pessoa e das instituições civis e políticas. Em seguida, evidenciando a necessidade – reconhecida pela própria Declaração – de um esforço de ensino e educação para efetivação de ações baseadas no respeito aos seus princípios, passaremos a discutir o tipo de esforço solicitado. Finalmente buscaremos compreender o sentido de que ensino e educação ganham no âmbito da Declaração discutindo acerca da possibilidade de ajustes entre princípios e ação. Contudo, este parece-me o nó górdio da efetivação dos direitos humanos no mundo contemporâneo. Não há uma resposta, penso que se trata de uma construção a ser feita pela discussão pública, com a participação de todos. Pois bem, é para essa discussão que os convido.